sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Ayrton Senna

E mais um domingo chegava, era dia de corrida, mas quem corria primeiro era eu. Corria pra tomar banho, pra tomar café e principalmente pra ligar a televisão. Era algo magico, assistir aqueles carros em alta velocidade, ultrapassagens magnificas principalmente de um brasileiro, um compatriota, alguem que nasceu no mesmo país que eu, alguem que falava português. Uma pessoa que dava alegria para um povo sofrido, com tamanha miséria, mas que sempre se alegrou ao ver alguem que mesmo nesse país de poucas oportunidades, conseguia vencer os gringos, conseguia dar show pra levantar a platéia. 
Corridas de formula 1 no tempo de Ayrton Senna, foram momentos marcantes de minha infancia, a emoção de ver, alguem gritando: Ayrton, Ayrton, Ayrton Senna do BRASIL. Isso mesmo do Brasil, meu país, minha nação. E a música da vitória, podia ser apenas instrumental, mas tocava a alma de uma criança como eu, cujos olhos enchiam-se de lagrimas ao escuta-la ao fim das corridas. E pensava sempre, eu posso ser como esse cara, um cara que vive realmente, não apenas existe como a maioria de nós, ele sim era um cara que passava alegria de viver. Mesmo com esse mundo, com esse sistema que nos amedronta e nos aprisiona, esse cara consegue ser livre, esse cara consegue fazer a diferença na vida de varias pessoas apenas correndo. Bom não posso dizer se fez a diferença na vida de muitas pessoas, mas com certeza fez na minha. E o momento mais triste de minha infancia, foi naquele acidente, aquilo que tirou minha alegria dos domingos, aquilo que tirou minha ansiedade na semana de chegar o domingo, o dia da corrida. Um acidente que deixou de luto um país, algo que calou uma nação. A felicidade que todos tinhamos ao ver nosso compatriota vencendo, ve-lo ultrapassando os obstaculos da vida como todos esperamos fazer. Essa sumiu naquele dia, deixando um vazio que jamais seria preenchido. Como poderia o destino tirar tão repentinamente alguem que dava alegria a uma nação, que mostrava que nós podemos, que não somos inferiores a ninguem. Mas acima de tudo, alguem que dava esperança de uma vida melhor, e dava-nos uma alegria ainda que fugaz a um povo sofrido, um povo marcado por tragedias, que apenas quer ser feliz.

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